Contenção

A mão voou na cara com vontade e não esperava por isso, mas sentiu o corpo responder. Fez menção de levantar a cabeça e ouviu "não me olha nos olhos e obedeça". 


Era a punição inicial por ter desafiado a autoridade, mesmo que só com o olhar. De joelhos na cama, manteve a cabeça baixa. As mãos estavam presas por uma corda vermelha bem amarrada para impedir qualquer movimento ou abuso. Fechou os olhos e aguardou, ansiosamente, qual seria a próxima ordem a ser recebida. O corpo tremeu quando sentiu uma venda sendo colocada em seu rosto. Queria ver, saber o que esperar, observar aquele corpo delicioso mandando no seu e tomando posse do seu prazer. Sentiu uma mão conduzir seu corpo para trás na cama. 


- Deita e abre bem as pernas pra mim. - a voz mandou. 


Não obedeceu. Queria brincar com a dor, se entregar à sensação inebriante do limite entre dor e prazer, se sentir completamente entregue aos desejos de outrem. A punição pela desobediência veio rápido e sentiu um rolo de agulhas passando na parte interior de sua coxa. "Abre as pernas", a voz dizia pausada e intensamente. Jogou a cabeça para trás e sentiu o corpo inundando de prazer, de tesão e abriu as pernas devagar. Sem ver nada que acontecia ao seu redor, captava apenas alguns barulhos e movimentos próximos. 


A pele arrepiou ao sentir um objeto indecifrável tocando seu corpo dos pés à cabeça. Era uma tortura inebriante e deliciosa não ter controle sobre nada e poder só se entregar e sentir. O objeto seguia passeando, tocando coxas, barriga, rosto até chegar no bico dos seios. Arqueou o corpo em resposta ao toque e sentiu algo bater de leve no bico do seio. "Não se mova, contenha seu corpo. Só pode se mover quando eu deixar", a voz dizia mais uma vez. Imaginou ser um chicote ou coisa parecida. Era sólido, mas maleável; doía, mas não muito. Era, ainda, aquela dor que se mistura com prazer e desacelera a mente quando você para de lutar contra ou tentar se proteger dela. Gemeu baixo quando o corpo aprendeu o sentido da dor, movendo-se mais do que o permitido. A punição viria em seguida, com certeza, e era aguardada ansiosamente. 

Sentiu as mãos virando seu corpo de bruços e o objeto tocar seu corpo novamente. Bunda, costas, pernas e, em seguida, um estalo seguido de leve dor. Era mesmo um chicote e a sensação era deliciosa. Outra chicotada, dessa vez nas costas. Quanto mais apanhava, mais empinava a bunda, como quem se oferece para a punição. No momento seguinte, uma mão passou de leve sobre o local da agressão prazerosa, e quando menos esperou, duas mãos separavam as bandas da bunda, abrindo espaço pra alcançar o cuzinho. Sentia a língua lamber cada pedacinho, entrar e sair. O desespero foi crescendo e enfiou a boca no travesseiro para não gritar. O lubrificante levemente gelado foi espalhado com um dedo que já ensaiou entrar, brincando na portinha e escorregando com cuidado para dentro. A dedada era coordenada com apertões pelo corpo, mordidas, lambidas e estímulos em seu sexo. Queria abrir mais as pernas, sentir mais daquele corpo contra sua pele. Gemia alto e forte até o corpo não aguentar mais e desistir de controlar, gozando e melando a cama, arfando e tremendo nas mãos que comandavam seu corpo. 


Ainda completamente entregue da gozada, sentiu o couro prender suas pernas e um som de metal sendo arrastado, seguido de um clique. As barras de contenção eram sua perdição e o pensamento foi interrompido pela sensação do seu corpo sendo virado na cama. Algo melado tocou seus lábios e pôde sentir o gosto de um sexo pulsante em sua boca. O sabor escorreu em sua língua e chupava avidamente, ouvindo o som de seus grunhidos aliados aos gemidos que preenchiam o ambiente. Chupou até sentir o líquido melado quase encher sua boca e o corpo sobre o seu tremer, arfando. 


O clique da barra sendo aberta, mas não tirada, fez a mente voltar a si. Respirou fundo e ficou ali por alguns segundos. Esticou as pernas tirando a barra de contenção e tirou as algemas. Levantou o corpo tirando a venda. Observou a cama bagunçada e olhou ao redor. O quarto estava vazio. 



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