Pintura

                                   Arte: Robert Oscar Lenkiewicz    Fonte: Irish Mirror 

A lĂ­ngua cobria cada parte e o pincel passava em seguida. A tinta marcava a pele como o desejo comandava o corpo. O toque suave e levemente gelado arrepiava por onde traçava caminhos. Subia e descia. O laranja salpicava os ombros, o vermelho era uma tela vibrante ao redor do pescoço. No colo, o amarelo se fazia repouso e o verde na cintura era riscado pela tinta preta que, em seta, direcionava o caminho ao paraĂ­so. 

Encheu as mĂ£os de tinta e delineou o caminho pelos braços, sentindo a pele escorregadia sob o toque que tentava ser firme. Acariciou os ombros e as tintas se misturaram num borrĂ£o, descendo pelas coxas grossas que exibiam um azul vibrante. Na bunda, o dourado reluzia Ă  luz do sol que ameaçava se despedir pela janela. Cada movimento era quase milimetrado e, ao mesmo tempo, desleixado, quase ansioso. Os dedos seguiam explorando, apertando, quase tomando posse e fazendo da pele obra de arte. 

O calor incitou o desejo quando uma gota de suor escorreu pelo rosto. A lĂ­ngua a encontrou salgada enquanto uma mĂ£o grande firme segurava o rosto. Em seguida o toque suave da lĂ­ngua nos lĂ¡bios buscava sentir o gosto na lambida. Percorria a carne macia explorando seu gosto atĂ© que os lĂ¡bios se encontraram. Um beijo Ă¡vido e quente tomou a boca e os corpos tocaram-se levemente, transferindo tinta de um para o outro. Os bicos dos seios eriçados tocaram a pele do colo, ficando ainda mais atiçados ao encostar nos pelos do corpo que antes era apenas desejo contido. As mĂ£os encontraram a bunda farta e apertaram, tornando-se tĂ£o douradas quanto aquele pedaço de lua. Subiram pelas costas arrastando a tinta por onde passou, envolvendo o pescoço, a base dos cabelos, entrelaçando nos fios sedosos. 

Os corpos se misturavam Ă  tinta e ao suor, e o sol insistia do lado de fora jogando sua luz pelo chĂ£o de madeira. Beijou a boca e desceu pelo pescoço beijando, inalando o cheiro que exalava, lambendo os poucos pedaços que ainda resistiam Ă  tinta. Esticou o corpo Ă  sua frente na mesa e abriu-lhe as pernas passando a lĂ­ngua bem no meio, de cima a baixo. Sentiu a respiraĂ§Ă£o contra a pele quente e melada, enfiou a lĂ­ngua fundo enquanto sentia a calça pulsar. O sabor escorria pela garganta e queria se afogar cada vez mais ali. Um dedo abria caminho sendo apertado ao escorregar, fazendo um dueto com a lĂ­ngua, extraindo gemidos que eram mĂºsica no ambiente. O tesĂ£o crescia cada vez mais. Chupava, lambia, deleitava-se naquele gosto que difere cada corpo entre os outros. Enfiava a mĂ£o sob a bunda na tentativa de segurar o corpo Ă  sua frente, de ter o controle no momento em que ofertava prazer, de manter o mais prĂ³ximo e encaixado em si possĂ­vel. 

Sem perceber, estavam no sofĂ¡. O brilho do crepĂºsculo tornava as cores ainda mais brilhantes e os movimentos incrivelmente sensuais. Sentou no sofĂ¡ e puxou o corpo sobre o seu. Se alguĂ©m tivesse a sorte de assistir aquele momento, veria um corpo sobre o outro, ambos de frente para a parede, pernas bem abertas e movimentando-se em unĂ­ssono. Coxas apoiadas uma sobre a outra, bunda encaixada no ventre. Um roçando no outro, duro, brilhando, inchado e melado, enquanto uma mĂ£o apertava o que fosse possĂ­vel e a outra pressionava o ventre prĂ³ximo a si. Por vezes, escorregava e alisava o grelo intumescido, aumentando o prazer de ambos e recebendo a contraĂ§Ă£o em resposta. Era quase uma tortura. 

Os corpos eram tela em movimento. Bocas, mĂ£os, braços, pescoço, tudo era caminho de prazer. Prazer que chega fazendo as pernas tremerem e o coraĂ§Ă£o acelerar; que deixa a boca seca e exige autocontrole do outro em nĂ£o se deixar levar e continuar a entrega. O ventre contraiu e o segredo jorrou entre as pernas, farto, molhando sofĂ¡ e o que mais tinha pelo caminho, fazendo poça no chĂ£o. Sentiu a gozada implodir em seu corpo, o que sĂ³ fazia querer ainda mais. Rebolava e se esfregava. Sentia entrar e sair cada vez mais encharcado, com os mamilos sendo pressionados na ponta dos dedos e a boca buscando - e falhando - em busca de mais ar. 

Foi demais para segurar. O arrepio começou na nuca e seguiu atĂ© o perĂ­neo, avisando que a gozada farta estava a caminho e jĂ¡ na portinha. Um urro preencheu o ambiente e sentia o sexo pulsar, melado, escorrendo, soluçando o prazer desconcertado. Ainda entrava e saĂ­a deixando Ă  mostra o fruto de seu prazer, que escorria pelos lados em gotas grossas. Inconscientemente, apertou o corpo contra si no momento mais vulnerĂ¡vel, querendo se prender Ă quela fraĂ§Ă£o de segundo onde parece que o mundo nĂ£o existe. 

Eram dois corpos juntos, suados, cheios de tinta e desejo. Era a pintura viva do prazer.  

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