Gemini

Dividiam o rosto e uma cumplicidade espantosa adquirida ainda no ventre. Inconscientemente, um tomava conta do outro mesmo sem perceber e agiam em caso de qualquer ameaça ou desejo. Eram muito parecidos externamente, mas, por dentro, as personalidades eram completamente diferentes. Um era mais animado, sorridente e tinha a face muito expressiva, além de ser expansivo e falar alto. Era daquelas pessoas "fáceis de se ler". O outro era seu oposto complementar. Sorria e brincava com menos frequência, apesar da simpatia e educação, era mais fechado, falava menos, deixava menos exposto o turbilhão que existia dentro de si. 
No primeiro dia do ano, ela desceu do carro na porta de casa e lá estavam eles, como quem a esperasse. Conversavam e riam, os assuntos transitavam entre o céu, vibradores e idades, envolvendo prazer e entrega, até que a proposta foi feita sem a menor cerimônia. 
De início a surpresa tomou conta e o corpo retesou, entre a vergonha e a possibilidade de levar aquilo adiante. Muitas coisas contribuíam para o não, mas no momento seguinte, a mente foi invadida por imagens deliciosas de tudo o que gostaria que acontecesse se dissesse sim. Ela negava e eles insistiam usando de toda retórica seduzente possível. 
Respirou fundo, saiu caminhando e olhando para trás, como quem convidava a segui-la. E assim fizeram. Primeiro um, mais afobado, depois o outro, pisando devagar, com uma mão no bolso, os olhos baixos e a promessa implícita de que tomaria seu tempo agradando o corpo dela.
Subiram as escadas e no corredor os beijos tornavam-se mais quentes e espalhados pela carne exposta. Línguas passeavam degraus acima até que irromperam casa adentro. Dois corpos se seguiam até o banho e outro sentava na cama, de frente, ansioso por assistir. 
A água escorria e o cheio doce do sabonete tomava conta do ambiente. Sentado na cama, já livre das roupas, acariciava a cabeça melada da pica analisando cada movimento dentro do banheiro. As mãos que passeavam, pernas dobradas ajoelhadas e a língua que encontrava o grelo molhado. Juntou-se a eles e abocanhou um bico de seio brincando com a língua. A outra seguia em sua pele mais sensível e os gemidos eram cada vez menos contidos. 
Saíram do banho em busca de conforto. Na cama, deitaram-na de pernas e braços abertos, com a respiração descompassada em antecipação. Parecia que seu corpo havia sido dividido para cada um. Uma boca lambia as pernas, coxas até chegar no ponto mais quente, a outra brincava com pescoço, seios e beijava-lhe os lábios, ora mordendo, ora lambendo. Mãos passeavam e excitavam todo seu corpo com toque suaves e firmes, que arrepiavam e a deixavam cada vez mais molhada. 
De olhos fechados, sentiu a pele macia da cabeça da piroca tocar os lábios. Instintivamente abriu a boca, colocando a língua para fora. Mãos abriam ainda mais suas pernas, percorrendo o caminho até o grelo macio e inchado, onde roçou de leve, escorregando para dentro. Milimetro a milimetro era engolido pela carne macia, quente e completamente encharcada, que pressionava seu dedo com força. 
A boca seguia aberta, sendo preenchida devagar, sugando, lambendo e sentindo o gosto dele na própria saliva. Chupava gemendo. O som contido da própria voz fazia vibrar o interior da boca e endurecia ainda mais o pau, deixando as veias mais expostas. Dedos pressionavam e brincavam com os bicos dos seios, apertando, alisando, fazendo de tantas sensações ao mesmo tempo uma tortura deliciosa. 
A boca sugava o grelo com mais força enquanto um dedo brincava por dentro, entrando e saindo, acariciando um lugar macio dentro dela. Cada vez que chegava perto de gozar, ele parava e mandava que respirasse fundo, começando tudo novamente. Inverteram as posições. Agora quem brincava nos seios era o expansivo, sendo possível perceber sua fisionomia quase alegre de quem sorri com os olhos. O outro observava cada movimento do corpo dela, acariciando e apertando, concentrado, totalmente focado em seu próximo movimento. 
Ajoelhou e enfiou o rosto interno entre as pernas dela. Sentiu o grelo pequeno todo em sua boca, roçando a língua enquanto segurava com os lábios. Sugou, sorvendo o sabor que eu prazer produzia. Ela gemia de boca cheia. Internamente, implorava pela liberação da gozada e a expectativa do relaxamento. Ouviu o plástico do preservativo ser aberto e imaginou o que viria a seguir. Com as pernas bem abertas, a boca cheia e o coração acelerado, duas mãos repousaram sobre cada lado da cintura, servindo de apoio para a cabeça que forçava a entrada. Apertada, rebolava devagar para facilitar e encaixava mais e mais seu corpo no dele. Uma boca beijava seu rosto, olhos, seios, pescoço. Lambia os lábios e os bicos dos seios. Brincava de passear pelo corpo enquanto o ventre era preenchido. 
Os joelhos, que permaneciam o mais distante possível um do outro, deixavam a pele brilhante exposta e o grelo pequeno ao alcance da mão livre. Assim era demais. Sentia seu corpo completamente dominado, mas respeitado. Sentia o toque macio, firme e a metida completamente focada no próprio prazer. Se ela gemesse mais alto, continuava o ritmo; caso contrário, mudava até encontrar o ponto que a deixava à beira do descontrole. As pernas começaram a tremer, a respiração ficou cada vez mais descompassada e o ventre explodiu um um orgasmo intenso, prendendo o pau dele dentro de si, apertando com força como se quisesse ordenhá-lo. "Assim você vai arrancar meu leite, gostosa" enquanto o melado dela escorria e molhava a cama. 
Queria mais. Mais daquele prazer intenso, mais de sentir-se completamente dominada, e também exaltada sem a humilhação habitual que envolve a dominação. A boca não demonstrava interesse em mais nada a não ser sentir seu gosto e lamber os bicos dos seios enquanto os olhos assistiam a explosão dos sentidos. 
Continuou metendo até que ela explodisse novamente, tremendo, gemendo, os cabelos bagunçados espalhados pela cama e a boceta inchada, contraindo e pulsando internamente. O orgasmo dela foi seguido pelo de ambos, um em cada extremidade de seu corpo. A porra escorreu nos seios e encheu o preservativo, quase, ao mesmo tempo. Para ambos, vê-la completamente entregue ao prazer foi suficiente para acabar com qualquer possibilidade de controlar o próprio tesão, não quando a cena à frente dava mais vontade de afundar-se nela, ou eram apertados entre lábios, os de cima e de baixo. 
O corpo abandonado e satisfeito na cama foi acariciado e beijado por duas bocas e quatro mãos. Uma delas foi levada à boca para que o gosto de seu prazer permanecesse vivo. Riu e permaneceu ali, sem forças para levantar. Beijaram-lhe a boca com vontade e um gostosa foi sussurrado no ouvido, para depois ouvir a porta abrir e ambos sairem, deixando que descansasse.
Se havia forma melhor de começar o ano, desconhecia.
"Eei, tá acordada?" Abriu os olhos e se deparou com dois rostos iguais e sorridentes por fora da  janela do carro, enquanto o motorista anunciava o fim da corrida. Um deles abriu a porta e o outro só observava, com as mãos guardadas no bolso. Sorriu, deu boa noite, seguindo o caminho para casa e olhando para trás como se fosse um convite.
E era.


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